Cientistas na Inglaterra descobrem novo tipo de tato humano; entenda
O toque nos seres humanos funciona por meio de um mecanismo oculto que foi descoberto por pesquisadores do Imperial College de Londres ao realizarem culturas de células
Por Redação Galileu
02/11/2023 10h44 Atualizado há um dia
Os humanos possuem cinco sentidos tradicionalmente conhecidos: visão, audição, paladar, olfato e tato — este último foi explorado em um novo estudo por pesquisadores do Imperial College de Londres, na Inglaterra.
Os cientistas descobriram que um tipo inédito de tato humano funciona por meio de um mecanismo oculto dentro dos folículos capilares, que são estruturas em formato de bolsa onde ficam as raízes dos fios de cabelo.
Anteriormente, acreditava-se que o toque humano era detectado só pelas terminações nervosas na pele e nos folículos capilares circundantes. Mas o achado registrado em 27 de outubro na revista Science Advances mostra que o tato também é sentido nas células de dentro dos folículos. Segundo os cientistas, essas células liberam os neurotransmissores histamina e serotonina.
Para realizar o estudo, os pesquisadores analisaram dados de sequenciamento de RNA de células únicas da pele humana e folículos capilares. A análise revelou que as células dos folículos continham uma porcentagem maior de receptores sensíveis ao toque do que células equivalentes na pele.
Em seguida, os cientistas cultivaram células dos folículos capilares humanos e nervos sensoriais, que só estão presentes na pele cabeluda. Eles notaram que a estimulação mecânica dessas primeiras levou à ativação desses nervos adjacentes.
Depois, a equipe analisou as células em cultura com uma técnica conhecida como voltametria cíclica de varredura rápida. Isso permitiu que os cientistas descobrissem que as células dos folículos capilares estavam liberando os neurotransmissores serotonina e histamina em resposta ao toque.
Quando bloquearam o receptor para esses neurotransmissores nos neurônios sensoriais, os neurônios não responderam mais à estimulação das células dos folículos. Da mesma forma, quando bloquearam a produção de vesículas sinápticas por essas células, estas não conseguiram mais sinalizar aos nervos sensoriais.
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Assim, os cientistas concluíram que, em resposta ao toque, as células dos folículos capilares liberam neurotransmissores que ativam os neurônios sensoriais próximos. "É uma descoberta empolgante, pois abre muitas mais questões para essas células: por que elas têm esse papel e o que mais podemos aprender sobre como nossa pele sente o toque?", afirma a coautora do estudo, Parastoo Hashemi, em comunicado.
Mais tarde, os cientistas fizeram os mesmos experimentos com células da pele em vez de folículos capilares. As células responderam ao toque leve liberando histamina, mas não liberaram serotonina.
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"Isso é interessante, pois a histamina na pele contribui para condições inflamatórias da pele, como eczema, e sempre se presumiu que as células imunológicas chamadas mastócitos liberavam toda a histamina", observa a autora principal do estudo, Claire Higgins, do Departamento de Bioengenharia do Imperial College.
Os cientistas acreditam que as descobertas podem ajudar no futuro a esclarecer o papel da histamina não só em eczemas, como em outras doenças inflamatórias da pele. Como a pesquisa foi feita em culturas de células, esta ainda precisará ser replicada em organismos vivos para confirmar as descobertas.
Segundo Higgins, a conclusão é interessante, pois ainda não se sabe por que as células dos folículos capilares têm papel no processamento do toque. "Uma vez que o folículo contém muitas terminações nervosas sensoriais, agora queremos determinar se o folículo capilar está ativando tipos específicos de nervos sensoriais por meio de um mecanismo desconhecido, mas único", conta a cientista.
Fonte:https://revistagalileu.globo.com/ciencia/noticia/2023/11/cientistas-na-inglaterra-descobrem-novo-tipo-de-tato-humano-entenda.ghtml
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