
O poder da mente: O que é e como funciona o efeito placebo?
Sua mente pode ser uma poderosa ferramenta de cura, quando é
dada uma chance à ela. A ideia de que seu cérebro pode convencer
seu corpo de que um tratamento falso é algo real, e assim, estimular a cura, é
chamado de efeito placebo. E ele tem sido cada vez mais usado!
Placebo é algo que parece
ser um tratamento médico real, mas que na realidade não possui propriedades
terapêuticas. Pode ser uma pílula, uma injeção, algum tipo de tratamento ou
mesmo uma operação. O que todos os placebos têm em comum é que eles não contêm
uma substância ativa que afeta a saúde.
Quando o
placebo é usado?
Os pesquisadores usam
placebos durante estudos para entender o efeito que uma nova droga ou algum
outro tratamento pode ter em uma determinada condição.
Por exemplo, durante um estudo,
algumas pessoas recebem uma nova droga para reduzir o colesterol, enquanto
outras receberiam um placebo.
Nenhuma das pessoas desse
estudo poderá saber se obtiveram um tratamento real ou um placebo. Então, os
pesquisadores comparam os efeitos da droga e do placebo nas pessoas que os
tomaram.
Dessa forma, eles podem
determinar a eficácia do novo medicamento e verificar seus efeitos colaterais.

Mas o que
é o efeito Placebo?
Às vezes, as pessoas podem
ter uma resposta a um placebo, que pode ser positiva ou negativa. Por exemplo,
os sintomas da pessoa podem melhorar, ou ela pode ter o que deveriam ser os
efeitos colaterais do tratamento. Essas respostas a esse medicamente falso são
conhecidas como "efeito placebo".
Alguns dos sintomas ou
doenças que respondem ao uso de placebo são:
·
Parkinson;
·
Ansiedade;
·
Depressão;
·
Menopausa;
·
Úlcera;
·
Asma;
·
Dor (de dentes, no joelho, de cabeça, entre outros).

E
como o efeito placebo atua no cérebro?
Uma das teorias mais comuns
é que o efeito placebo funciona através de um processo conhecido como
condicionamento, onde os pacientes esperam pelo alívio da dor quando tomam
alguma medicação.
Essa crença do
paciente em uma melhoria é apresentada por uma atividade no córtex
pré-frontal, uma área de comando do nosso cérebro. A medula espinhal
também é afetada pelo uso do comprimido, agindo diretamente na diminuição da
sensação de dor.
Essa atividade pode gerar uma resposta fisiológica ao
uso do placebo, como encorajar outras partes do cérebro a
liberar endorfina, presentes também em alguns medicamentos opioides, ou
desencadear uma redução da atividade em áreas sensíveis à dor.

Por exemplo, em um estudo,
pessoas receberam um placebo e lhes disseram que era um estimulante. Depois de
tomar a pílula, o pulso delas aceleraram, a pressão arterial aumentou e as
velocidades de reação melhoraram. Quando as pessoas receberam a mesma pílula e
disseram que era para ajudá-los a dormir, eles sentiram os efeitos opostos.
O mesmo também pode
acontecer para efeitos negativos. Se as pessoas esperam ter efeitos colaterais
como dores de cabeça, náuseas ou sonolência, há uma maior chance de que essas
reações aconteçam. Essas reações negativas são conhecidas como nocebos.
O que pode influenciar no funcionamento do placebo?
Alguns fatores como cores,
forma de aplicação, marca e valor pago também podem influenciar nos efeitos
causados pelo placebo.

As cores e seus diferentes efeitos
Nos EUA e na maior parte da
Europa, as empresas farmacêuticas seguem uma simples regra para a cor da
pílulas: as pílulas vermelhas são para efeitos estimulantes, as pílulas azuis
são para efeitos calmantes.
Estimulantes vermelhos e
estimulantes azuis que contêm as mesmas doses de medicamento mostram resultados
diferentes.
Porém, outras cores também
podem produzir efeitos diferentes.
·
Comprimidos brancos são capazes de melhorar problemas como
úlcera, mesmo quando contêm apenas lactose;
·
Pílulas amarelas tornam os antidepressivos mais eficazes;
·
Comprimidos azuis possuem efeito tranquilizante;
·
Pílulas verdes são melhores para aliviar a ansiedade;
·
Pílulas de cores quentes, como vermelho e laranja, são melhores
estimulantes.
Uma marca pode trazer mais resultados?
A marca também influencia
no poder do efeito placebo. Um estudo de 1981, publicado em um jornal
britânico, descobriu que as aspirinas que continham marca eram mais eficazes do
que as genéricas. E isso também funcionava com placebo: o que continha uma
marca fazia mais efeito do que um genérico.
Estudos também mostram que
injeções e cápsulas possuem mais efeito nos pacientes, do que os
comprimidos.
O preço
também é um placebo
Em um estudo de 2008, feito
em Boston, 82 voluntários saudáveis foram convidados a testar um novo
medicamento contra a dor que, na realidade, era um placebo.
O grupo foi dividido
aleatoriamente. Um subgrupo foi informado de que a nova medicação custava 2,50
dólares por comprimido. Ao outro subgrupo informaram que custava
apenas 10 centavos de dólar por comprimido.
Os participantes foram
submetidos à um estímulo de dor, e deviam avaliar essa dor antes e
após de receberem a pílula. O resultado foi que 85,4% tiveram alívio da dor
usando a pílula de preço mais caro, enquanto apenas 61% tiveram alívio
usando a pílula barata.
O lugar
onde vivemos pode influenciar os efeitos
A cultura também influencia
nossa percepção sobre as doenças, e como respondemos ao tratamento. Um
estudo sobre o tratamento com placebo para gastrite mostrou que, nesse
caso, o efeito placebo era baixo no Brasil, mais alto no norte da Europa e
extremamente alto na Alemanha.
E esse
efeito pode funcionar mesmo quando você sabe que recebeu uma pílula falsa
Cientistas descobriram que
o efeito placebo funciona mesmo quando as pessoas sabem que estão tomando uma
droga falsa.
Tradicionalmente,
pensava-se que as pílulas de açúcar só eram eficazes quando o paciente não
sabia que elas eram falsos medicamentos.
No entanto, um novo
teste mostrou que as pessoas ainda conseguem ver os benefícios, mesmo
sabendo que é um placebo. O efeito ocorre desde que seja dito ao paciente que
eles podem ter um efeito.
Pesquisadores da
Universidade de Harvard e da Universidade de Basileia, na Suíça,
realizaram um experimento com 160 voluntários. Eles foram convidados a colocar
o braço em uma placa de aquecimento, até que não pudessem suportar a dor.
Todos receberam placebos, porém um terço do grupo foi informado
de que receberam um analgésico para ajudar com a queimadura. Um segundo grupo
foi avisado que o creme era apenas um placebo, mas lhes foi explicado sobre
como os medicamentos falsos podem ajudar. Já o terceiro grupo foi
informado de que eles usariam um placebo, mas sem comentários adicionais.
Os resultados mostraram que
aqueles que conheciam os efeitos do placebo experimentaram um alívio da dor
semelhante àqueles que achavam que haviam tomado o analgésico. Já o grupo que
não conhecia os efeitos do placebo não sentiu os efeitos da droga.
O uso de
placebos pode ajudar na cura e tratamento de doenças?
O efeito placebo tem
mais poder na saúde mental, quando usado em tratamentos terapêuticos, do
que na saúde física. Medicamentos placebos podem até ser utilizados em doenças
graves, mas quando isso acontece, é na intenção de atenuar os sintomas, e
não em combater a doença em si.
Não há nenhum tipo de
evidências científica de que placebos curem doenças ou possam substituir
medicamentos indicados para tratar doenças graves.
Efeito
nocebo: o lado negativo do poder da mente
Se algo pode atuar no seu
cérebro com resultados positivos, é muito provável que também tenha o
mesmo poder para o lado negativo. E isso não é diferente em relação ao efeito
placebo e o efeito nocebo, o seu oposto.
Quando um paciente recebe
uma pílula que não contenha absolutamente nenhum tipo de medicamento, mas que
venha acompanhada da indicações de graves efeitos colaterais, é
provável que ela vá desenvolver alguns desses sintomas.
O mesmo efeito se dá para
casos de procedimentos cirúrgicos. Apenas saber os riscos de uma cirurgia pode
ser suficiente para afetar de maneira negativa a recuperação de um
doente.

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