INFLUENZA 'A' AVANÇA ENTRE IDOSOS E CRIANÇAS APONTA InfoGripe DA FIOCRUZ AUMENTANDO O RISCO DE MORTE POR SÍNDROME RESPIRATÓRIA GRAVE(SRAG)
Idosos são vacinados em unidade de saúde de Londrina (PR)
Influenza A avança entre idosos e crianças aponta InfoGripe da Fiocruz
O novo boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), emite um alerta preocupante: o vírus da influenza A tornou-se a principal causa de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre idosos e figura entre as três principais causas de óbitos em crianças no Brasil. A atualização, que se refere à Semana Epidemiológica 19 (de 4 a 10 de maio), revela um aumento expressivo nas hospitalizações por SRAG em várias regiões do país. Estados do Centro-Sul, além de partes do Norte e Nordeste, já apresentam níveis moderados a altos de incidência da doença. Entre as crianças pequenas, o número de casos relacionados ao vírus sincicial respiratório (VSR) continua subindo. Contudo, alguns estados do Centro-Oeste e Sudeste começam a mostrar sinais de desaceleração — ou até mesmo reversão — dessa tendência. Mesmo com essa possível melhora em algumas regiões, o recado da Fiocruz é claro: não é hora de relaxar os cuidados. “A incidência continua alta ou moderada, por isso as precauções devem ser mantidas”, destaca a pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e responsável pela análise do InfoGripe. Portella chama atenção para um dado alarmante: a mortalidade por SRAG em crianças pequenas já se aproxima dos níveis registrados entre os idosos. Nestes, a principal causa é a influenza A, seguida pela Covid-19. Já entre os pequenos, o VSR continua sendo o vilão, seguido pelo rinovírus e pela própria influenza A. Diante desse cenário, a especialista reforça a importância da vacinação contra a gripe, especialmente entre os grupos mais vulneráveis. “É fundamental se vacinar o quanto antes. A vacina é a forma mais eficaz de prevenir hospitalizações e mortes”, alerta. Ela também recomenda o uso de máscaras em unidades de saúde, ambientes fechados com aglomeração e sempre que surgirem sintomas gripais. Situação crítica em 15 estados O levantamento mostra que 15 das 27 unidades da federação estão com níveis de alerta, risco ou alto risco para SRAG, com tendência de crescimento nas últimas semanas. São eles: Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Outros oito estados também apresentam incidência elevada, embora sem sinal de crescimento recente: Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Sergipe e Rio Grande do Norte. O número de casos entre jovens, adultos e idosos, principalmente causados pela influenza A, segue em alta. Os estados do Centro-Sul — como Mato Grosso, São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina — estão entre os mais afetados, além de localidades no Norte (como Amapá, Pará e Rondônia) e no Nordeste (como Ceará e Maranhão). Mais de 56 mil casos já notificados em 2025 Desde o início do ano epidemiológico de 2025, já foram notificados 56.749 casos de SRAG no país. Desses, 46,5% tiveram resultado positivo para algum vírus respiratório, 38,5% deram negativo e cerca de 8,7% ainda aguardam confirmação laboratorial. Entre os casos confirmados, os principais agentes são: VSR: 42,7%; Rinovírus: 25,8%; Influenza A: 15,3%; Sars-CoV-2 (Covid-19): 16,1% e Influenza B: 1,4%. Nas quatro últimas semanas, a influenza A teve um salto, respondendo por 30,1% dos casos positivos — enquanto o VSR lidera com 55,3%. A média de incidência e mortalidade por SRAG nas últimas oito semanas mantém um padrão preocupante, atingindo principalmente os extremos etários: crianças pequenas e idosos. O VSR segue como o maior responsável pelos casos graves entre os pequenos.
Fonte: Influenza A avança entre idosos e crianças aponta InfoGripe da Fiocruz - https://www.jmonline.com.br/cidade/influenza-a-avanca-entre-idosos-e-criancas-aponta-infogripe-da-fiocruz-1.502962
Entenda a diferença dos sintomas da gripe e da Covid-19 e a importância de continuar se vacinando anualmente
Aumento de casos de gripe e permanência da circulação do coronavírus, embora reduzida, confundem sintomas e reforçam necessidade de imunização
Publicado em: 13/06/2023
Quando surgem os primeiros sintomas respiratórios como coriza, dor de garganta e febre,
não é raro surgir a dúvida se se trata apenas de um quadro de resfriado, de gripe ou de
Covid-19. A dúvida procede pois ambos têm sintomas idênticos ou semelhantes.
Então como é possível diferenciá-los?
Apesar do fim da emergência sanitária pelo SARS-CoV-2, casos de Covid-19 ainda ocorrem
no país e isso não pode ser ignorado. Segundo o Ministério da Saúde, na semana de 30 de
maio, o país registrou 22.229 casos da doença, com 243 óbitos registrados nos sistemas
oficiais. No mesmo período, registrou-se um aumento de casos de gripe no país,
sobretudo do vírus Influenza A (H1N1) em adultos, segundo o boletim InfoGripe da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Instituto Butantan, Érique José
Peixoto de Miranda, explica as diferenças dos sintomas de ambas as doenças,
como detectá-las e a importância de manter a vacinação em dia para evitar
manifestações graves.
Veja a tabela de sintomas no infográfico abaixo.
1- Como diferenciar o vírus da influenza e da Covid-19?
O influenza é um vírus de RNA da família Orthomyxoviridae. Ele é descrito pelos tipos A, B, C e D, sendo os vírus influenza A e B os de maior importância epidemiológica e, por isso, a base das vacinas inativadas contra a gripe. O período médio de incubação da influenza A e B é de dois dias, podendo variar de um a quatro dias.
Já o coronavírus é um vírus de RNA da família Coronaviridae. Repleto de variantes conhecidas, as cepas circulantes atualmente são subvariantes da ômicron – as mais transmissíveis. O período de incubação das variantes da ômicron é de 2 a 3 dias, menor do que os períodos de incubação das cepas anteriores.
2- Como diferenciar um caso de Covid-19 e um de gripe?
Não é possível fazer a diferenciação entre Covid-19 e influenza apenas pela avaliação clínica porque os sintomas e sinais das duas doenças são inespecíficos. A confirmação de uma ou de outra somente se dá por meio de exames complementares como o teste rápido, que detecta antígenos do vírus na secreção nasal, assim como métodos de identificação do material genético do vírus pelo teste de RT-PCR, que identifica os antígenos na secreção nasal e da orofaringe (quando se usa o swab na garganta e dentro das narinas).
3- Há algumas características que podem favorecer o diagnóstico antes do teste?
Sim. Algumas características favorecem mais o diagnóstico de uma doença do que de outra. A influenza ocorre mais no outono e no inverno, ao passo que a Covid-19 não tem uma sazonalidade bem definida, por exemplo. O período de incubação e de transmissibilidade das duas doenças é semelhante, sendo um pouco maior para a Covid-19.
4- Há algum sintoma diferente na influenza e na Covid-19?
Quanto aos sintomas, a influenza se caracteriza por um quadro de febre súbita e elevada, associada a tosse produtiva (com secreção ou catarro), congestão nasal e menos frequentemente por falta de ar, além de vômitos e diarreia (estes últimos, mais comuns em crianças). A duração é de uma a duas semanas.
Já a Covid-19 tem um curso mais errático, ou seja, quando os sintomas variam a cada dia, podendo durar cerca de três semanas: a doença começa com um quadro de febre, tosse, dor de garganta, e pode evoluir para a forma grave, com falta de ar ao fim da primeira semana de sintomas, e de forma mais frequente do que na Influenza. Outros sintomas muito e característicos da Covid-19 são a alteração de paladar e de olfato.
5- Há diferença nos sintomas entre crianças, adultos e idosos?
Geralmente crianças infectadas pelo vírus influenza apresentam, além do quadro típico de febre alta e tosse produtiva, uma frequência maior de diarreia e vômitos. Já os adultos tem o quadro típico de influenza e raramente têm estes últimos sintomas. Nos idosos, quadros infecciosos podem se manifestar na forma de uma confusão mental (estado confusional agudo), mesmo sem febre. O prognóstico em crianças e em idosos, isto é, a evolução para formas graves, pode causar desconforto respiratório agudo, resultando em hospitalização, e costuma ser pior nos pequenos.
Em casos de Covid-19, a diferença fundamental é que as crianças apresentam usualmente quadros de infecção assintomática pelo coronavírus e raramente evoluem para formas graves, quando ocorre a chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica. Adultos e idosos apresentam mais frequentemente alguns sintomas, porém os idosos, sobretudo aqueles com comorbidades, tais como diabetes, cardiopatia, doença renal crônica, entre outras, têm maior chance de evolução para quadros graves que resultam em hospitalização, necessidade de oxigênio ou mesmo de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ventilação mecânica.
6- As vacinas da influenza e da Covid-19 ajudam a evitar mais casos ou somente casos graves?
Estudos recentes mostram que a vacinação contra a gripe reduz o risco de adoecimento por influenza entre 40% e 60% na população geral, sobretudo na época em que a maioria dos vírus da gripe circulam (outono e inverno). Além disso, os vírus circulantes são compatíveis com aqueles usados para fazer as vacinas contra a gripe (geralmente de três a quatro vírus), que potencializam a proteção. Os imunizantes também protegem de 70% a 90% contra formas graves da doença, que envolvem hospitalização e risco de morte. Esses benefícios da vacinação contra a influenza são ainda mais marcantes em crianças, gestantes e pessoas com doenças crônicas.
Isso também vale para vacinas contra Covid-19: a efetividade contra a cepa parental das vacinas de primeira geração variou de 50% a 95%, e de 90% a 100% contra formas graves de Covid-19, que envolvem hospitalização em enfermaria e em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Doses de reforço de terceira ou de quarta dose contra ômicron são efetivas em prevenir formas graves da doença, mesmo utilizando a vacina monovalente.
7- Por que as vacinas não evitam que se contraia a influenza e Covid-19?
Uma explicação para o fato de que as vacinas não conseguem evitar todas as infecções com uma eficácia tão elevada quanto protegem contra casos graves, incluindo óbito, é que os vírus influenza e coronavírus sofrem mutações muito rapidamente. Outro fato relevante é que ambas são zoonoses (têm reservatório animal), o que proporciona o surgimento de vírus totalmente novos e desconhecidos pelo nosso sistema imunológico de tempos em tempos, resultando em epidemias ou mesmo pandemias.
Além disso, as vacinas não geram uma imunidade específica nas vias aéreas superiores, exatamente onde os vírus entram no nosso corpo. Ao serem administradas de forma intramuscular, elas elicitam um tipo de anticorpo (a chamada imunoglobulina G), que nos protege contra os vírus quando estes atingem as vias aéreas baixas ou circulação sanguínea – onde a doença ocorre, eventualmente, de forma grave. Por isso, são tão eficazes para evitar óbitos. Na maioria das vezes, as doenças não ocorrem e, quando ocorrem, manifestam-se nas formas leves e moderadas.
8- No caso da influenza, qual a importância de se vacinar antes do inverno?
O Instituto Butantan, assim como outros produtores de vacina e a Organização Mundial da Saúde (OMS), monitora quais cepas do vírus influenza estão circulando a fim de produzir vacinas com melhor desempenho. Como o vírus da gripe circula no outono e no inverno, o trabalho de produção do imunizante ocorre antes dessas estações. O resultado é uma vacina que deverá ser administrada antes do inverno para manter uma taxa importante de proteção da população quando os vírus estiverem circulando. Esse processo deve se repetir a cada ano, já que os vírus circulantes mudam anualmente e cada vírus tem um elevado potencial de mutação.
Reportagem: Camila Neumam
Arte: Milena Martins
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