EUA TENTA E REALIZA O 1º POUSO NA LUA EM MAIS DE 50 ANOS

 Empresa americana irá tentar pousar na Lua nesta quinta-feira

Empresa tenta pousar sonda na Lua nesta quinta, marcando a volta dos EUA após 52 anos; entenda em imagens

A empresa Intuitive Machines tenta realizar uma alunissagem suave no satélite natural da Terra e pousar em sua superfície o primeiro robô americano desde as missões Apollo

Por 

Filipe Vidon

 — Rio de Janeiro

22/02/2024 00h01  Atualizado há um dia

A empresa privada norte-americana Intuitive Machines vai tentar, nesta quinta-feira, retomar a presença dos Estados Unidos na Lua após 52 anos. A expectativa da empresa é que a missão IM-1 toque no solo lunar às 19h30 de hoje, com o módulo de pouso Nova-C, de formato hexagonal e chamado de "Odysseus".


A empresa privada norte-americana Intuitive Machines vai tentar, nesta quinta-feira, retomar a presença dos Estados Unidos na Lua após 52 anos. A expectativa da empresa é que a missão IM-1 toque no solo lunar às 19h30 de hoje, com o módulo de pouso Nova-C, de formato hexagonal e chamado de "Odysseus".

O módulo de alunissagem é equipado com um motor de metano líquido e oxigênio super-resfriado que forneceu a potência para chegar rapidamente ao seu destino, evitando uma longa exposição à região de alta radiação ao redor da Terra, conhecida como cinturão de Van Allen.


Infográfico mostra trajeto realizado por empresa até a Lua, assim como o pouso na superfície do astro — Foto: Arte O Globo
Infográfico mostra trajeto realizado por empresa até a Lua, assim como o pouso na superfície do astro — Foto: Arte O Globo

Trent Martin, vice-presidente de sistemas especiais da Intuitive Machines, afirmou à imprensa que a "oportunidade para que os Estados Unidos retornem à Lua pela primeira vez desde 1972 é uma proeza da Engenharia que exige um verdadeiro desejo de explorar".

Nesta quarta-feira, a Intuitive Machines anunciou que Odysseus completou sua queima programada de inserção na órbita lunar do motor principal e já estava em uma órbita lunar circular de 92 km. Depois de viajar mais de 1 milhão de quilômetros, a Odysseus está agora mais perto da Lua do que a distância de ponta a ponta que atravessa Houston, no Texas.

Até o horário do pouso, os controladores de voo vão analisar os dados completos do voo e pretendem transmitir imagens da Lua. A Odysseus foi projetada para pousar na velocidade de um metro por segundo. Os controladores de voo esperam cerca de 15 segundos de atraso antes de confirmar o marco final, pousando suavemente na superfície da Lua.

Infográfico mostra como é o módulo de alunissagem enviado para Lua — Foto: Arte O Globo
Infográfico mostra como é o módulo de alunissagem enviado para Lua — Foto: Arte O Globo

Etapas para o pouso

A sonda vai voar até o local de pouso pretendido na Lua, até que o software de bordo escolha de forma autônoma um local de pouso considerado seguro, com a menor inclinação, livre de perigos e com alcance do módulo de pouso.

Arte divulgada pela Intuitive Machines do lander na Lua — Foto: Divulgação
Arte divulgada pela Intuitive Machines do lander na Lua — Foto: Divulgação

Os sistemas da Odysseus vão combinar a gravidade lunar com a propulsão do motor até chegar ao local ideal. Durante este tempo, o motor principal é desacelerado continuamente, diminuindo a potência do motor para compensar o módulo de pouso ficando cada vez mais leve, com parte do combustível gasto já eliminado.

O sistema de navegação vai deixar a nave pairando a aproximadamente 30 metros do local selecionado para pouso, até que o módulo inicie a descida vertical a três metros por segundo. Nos últimos momentos, o módulo de pouso freia para uma descida de um metro por segundo, preparando-se para alunissar.

"A Unidade de Medição (IMU) detecta a aceleração como um ouvidos internos humanos, que sentem rotação e aceleração. A descida terminal é como caminhar em direção a uma porta e fechando os olhos nos últimos centímetros. Você sabe que está perto o suficiente, mas seu ouvido interno deve guiá-lo até a porta", descreve a empresa.

As cargas a bordo

A Nasa pagou US$ 118 milhões de dólares (R$ 586 milhões) a Intuitive Machines para o transporte de equipamentos científicos até o satélite natural, para ajudar a compreender de modo mais eficiente e mitigar os riscos ambientais para os astronautas.

Entre os equipamentos estão uma câmera estéreo para observar a nuvem de poeira levantada durante o pouso e um receptor de rádio para medir os efeitos de partículas carregadas nos sinais de rádio, na superfície da lua. Há também cargas de outros clientes que não a NASA, como uma câmera construída por estudantes da Embry-Riddle Aeronautical University, em Daytona Beach, Flórida.

Mas a nave transporta uma carga mais colorida, incluindo um arquivo digital do conhecimento humano e 125 pequenas esculturas da Lua do artista Jeff Koons. Após o pouso, as cargas devem operar por sete dias, antes do início da noite lunar no polo sul, quando Odysseus ficará inoperante.

O desafio de pousar na Lua

Essa é a segunda tentativa de uma empresa privada neste ano, após o fracasso de outro grupo em janeiro. A primeira, da empresa Astrobotic, foi lançada em janeiro, mas a nave Peregrine sofreu um vazamento de combustível e seu módulo de pouso teve que ser destruído deliberadamente em pleno voo.

A alunissagem suave é um desafio porque implica navegar em um terreno instável, com um atraso de vários segundos na comunicação com a Terra, e utilizar os propulsores sem a presença de uma atmosfera que suporte paraquedas.


No ano passado, o módulo japonês Hakuto-R, da empresa Ispace, ficou sem combustível por conta de um erro de cálculo de altitude durante uma tentativa de pouso na Lua. Já a companhia israelense SpaceIL quase conseguiu concluir sua missão em 2019, mas falhou a poucos metros do pouso.

Apenas cinco países conseguiram tal feito: a União Soviética foi a primeira nação, seguida pelos Estados Unidos, que até hoje é o único país a colocar pessoas na superfície lunar.

A China já posou três vezes desde 2013, a Índia conseguiu em 2023 e o Japão em fevereiro do ano passado, embora o módulo nipônico tenha enfrentado dificuldades para permanecer ativado.

Como assistir?

A Intuitive Machines vai fazer uma transmissão ao vivo do pouso através da NASA TV e no site da missão IM-1.

EUA realizam 1º pouso na Lua em mais de 50 anos

Módulo Odysseus, apelidado de “Odie”, sem tripulação, avaliará ambiente lunar antes de nova missão com astronautas em 2026

Pedro N. Jordãoda CNN

São Paulo

22/02/2024 às 20:14 | Atualizado 23/02/2024 às 11:00

 

 Um aparente problema com os sistemas de navegação do Odysseus forçou o módulo de pouso a depender de tecnologia experimental minutos antes do pouso.

“A Intuitive Machines tomou a decisão de reatribuir os sensores primários de navegação do Odysseus… para usar os sensores do Navigation Doppler Lidar da NASA”, informaram as equipes em transmissão ao vivo antes do pouso.

O Lidar é uma tecnologia experimental que visava testar como futuras sondas fariam pousos mais precisos na Lua.

O sensor “dispara feixes de laser para o solo e mede a velocidade da espaçonave e a direção do vôo”, disse Farzin Amzajerdian, principal investigador da carga útil lidar no Langley Research Center da Nasa, na Virgínia.

Apesar dos contratempos, que incluíram também falhas na comunicação do módulo com a Terra, as equipes de trabalho envolvidas no monitoramento anunciaram que a missão foi bem-sucedida.

Odie decolou no topo de um foguete SpaceX Falcon 9 na madrugada de 15 de fevereiro, do Centro Espacial Kennedy da Nasa, na Flórida.

Até o momento, somente China, Índia e Japão tinham feito pousos suaves na Lua neste século.

Viagem à Lua

Um foguete da SpaceX e da Nasa lançou Odie para a órbita da Terra, com capacidade de atingir velocidades de até 11 quilômetros por segundo, de acordo com a Intuitive Machines, a empresa sediada em Houston que desenvolveu a espaçonave Odie com a Nasa.

O caminho de Odie equivalia a “um arremesso de bola rápida de alta energia em direção à Lua”, como disse o CEO da Intuitive Machines, Stephen Altemus.

Depois de queimar seu combustível, o foguete se separarou de Odie, deixando o módulo lunar voar sozinho pelo espaço.

Odie ficou, então, em um caminho oval ao redor da Terra, estendendo-se por até 380.000 quilômetros de casa.

E cerca de 18 horas após o início do voo espacial, o veículo ligarou seu motor pela primeira vez, continuando a sua viagem acelerada em direção à superfície lunar.

O que Odie fará na Lua

A viagem de Odie à Lua pode ser considerada uma espécie de missão de reconhecimento, projetada para avaliar o ambiente lunar antes do plano atual da Nasa de retornar uma missão tripulada à Lua por meio do programa Artemis no final de 2026.

O polo sul da Lua é uma área de grande interesse no meio de uma nova corrida espacial internacional, já que se pensa que a região abriga reservas de água congelada.

O recurso poderia ser convertido em água potável para astronautas ou até mesmo em combustível de foguetes para missões de exploração espacial mais profundas.

A bordo do módulo lunar Odie estão seis cargas úteis de ciência e tecnologia da Nasa.

Eles incluem um sistema receptor de rádio que estudará o plasma lunar, criado pelos ventos solares e outras partículas carregadas que chovem na superfície lunar.

Outras cargas testarão tecnologia que poderá ser usada em futuras missões de pouso lunar, como um novo sensor que poderá ajudar a orientar pousos de precisão.


*Com informações da CNN internacional


Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/estados-unidos-lua-mais-de-50-anos/


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