Magnetosfera de Júpiter. (Foto: NASA)
O enorme campo magnético de Júpiter sempre intrigou os astrônomos. Ele é responsável pela incrível magnetosfera do planeta, uma barreira de sete milhões de quilômetros para os ventos solares, e a aurora que ilumina seus polos.
Entender como funciona o maior planeta do nosso Sistema Solar poderia fornecer informações importantes sobre os sistemas planetários de outras estrelas. É por isso que a sonda Juno passou os últimos dois anos observando Júpiter: estudar o campo magnético do planeta pode ajudar a responder perguntas sobre sua estrutura interna - que ainda é um mistério.
Um grupo de cientistas norte-americanos e dinamarqueses utilizaram os dados coletaram os dados pela Juno para montar um mapa detalhado do campo magnético do planeta. E, conforme revela estudo publicado na revista Nature, ficaram espantados com o resultado.
Ele é diferente de tudo que haviam visto anteriormente, com todo o campo magnético concentrado no hemisfério norte. Na Terra, por exemplo, o campo magnético é distribuído uniformemente entre os hemisférios norte e sul.
“Não esperávamos que o campo de Júpiter fosse assim. Antes da missão Juno, nossos melhores mapas do campo de Júpiter se pareciam com o campo da Terra”, contou uma das autoras do estudo, Kimberly Moore da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, à revista Newsweek. “A principal surpresa foi que o campo de Júpiter é tão simples em um hemisfério e tão complicado no outro. Nenhum dos modelos existentes previu um campo como esse."
Agora os pesquisadores querem entender o motivo de isso acontecer: "Uma imagem comum do interior de Júpiter é que existe um pequeno núcleo de rocha sólida e gelo no meio". “No entanto, rochas e gelo podem se dissolver em hidrogênio metálico líquido a altas temperaturas e pressões presentes em profundidade. Assim, qualquer material rochoso dentro de Júpiter poderia ser misturado ao hidrogênio líquido - como o sal dissolvido na água”, explica Moore.
Isso pode criar camadas dentro do planeta, já que as diferenças de densidade que impulsionam trocas entre as camadas, e as mantêm em movimento, é muito pequena. Assim, ou as camadas fluem independente umas das outras, ou a inferior, consequentemente mais densa, se mantém estável, sem trocas entre as camadas.
Os pesquisadores dizem que precisarão de mais medições de Juno para entender melhor o campo magnético. Eles devem conseguir isso na segunda metade da missão de 34 órbitas da espaçonave.
"Até agora desenvolvemos nosso novo modelo de campo magnético de Júpiter usando apenas as oito primeiras órbitas de um total esperado de 34 órbitas; portanto, este primeiro vislumbre é uma versão de menor resolução do que está por vir”, conta John Connerney, cientista da NASA e um dos autores do estudo.
"Esperamos muito mais detalhes à medida que a missão avança. Também esperamos aprender algo sobre a lenta variação da força e direção do campo magnético ao longo do tempo, que revelará novas informações sobre o movimento dos fluidos no interior”, afirmou Connerney, que está empolgado. “Será muito emocionante ver esta história se desenrolar nos próximos anos."
Fonte:https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2018/09/campo-magnetico-de-jupiter-e-diferente-de-tudo-que-ja-se-viu.html
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