ENTENDA A NOVA PROPOSTA DO INSTITUTO BUTANTAN PARA TRATAMENTO DE PACIENTES COM A CoVID-19,COM ANTICORPOS DE PACIENTES CURADOS
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Coleta de sangue de dedo de paciente com suspeita de coronavírus em Florianópolis — Foto: Diórgenes Pandini/NSC
Entenda nova proposta do Butantan para tratamento com anticorpos de pacientes curados
Método tem pontos em comum com a terapia de plasma já utilizada no Brasil, mas estudo demanda mais tempo por ter uma seleção de genes que garante produto específico contra o vírus.
A técnica em execução no Butantan tem o nome de "anticorpos monoclonais neutralizantes". Entenda a seguir a diferença entre as duas:
Plasma x anticorpos monoclonais
Plasma: O plasma é a parte líquida do sangue, onde ficam os anticorpos produzidos pelo organismo para combater as doenças. Essa substância, retirada de pacientes recuperados, pode ser aplicada em alguém que tenha um quadro grave da Covid-19. No entanto, cada amostra terá uma quantidade e uma composição diferente de anticorpos, pois depende do organismo do doador.
Anticorpos monoclonais neutralizantes: Os cientistas isolam apenas o anticorpo que consegue neutralizar o coronavírus, especificamente. Assim, com o uso do gene, células são criadas em laboratório. O produto será um frasquinho apenas com o anticorpo contra a doença específica, enquanto o plasma contém todos os anticorpos, variando em composição de pessoa para pessoa.
Terapia de transferência de plasma é uma das esperanças contra o coronavírus
Solução que exige tempo
De acordo com a pesquisadora Ana Maria Moro, coordenadora do projeto, o plasma é uma solução que deve ser usada em um momento de emergência como o que vivemos com a pandemia, quando pessoas precisam de um tratamento urgente. O projeto de anticorpos monoclonais é uma versão mais precisa e direcionada, mas que demanda mais tempo.
"Nós isolamos as células B (linfócitos) que estão produzindo os anticorpos contra o vírus. Isolamos os genes e a partir deles criamos os anticorpos em laboratório. Não compete com o plasma, porque precisa de mais estudos e o plasma pode ser utilizado agora", explicou a cientista.
O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em parceria com diferentes instituições, como a Universidade de São Paulo (USP). O desenvolvimento da plataforma começou em 2012, quando o grupo identificou uma composição de três anticorpos que neutralizam a toxina do tétano.
Mais tarde, em um acordo com a Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos, a pesquisa seguiu para gerar linhagens celulares contra o vírus da zika durante a epidemia da doença, em 2015.
Ana Maria explica que existem diversos produtos monoclonais aprovados para uso clínico, usados em tratamentos para doenças autoimunes, alguns casos de câncer e até contra o ebola. A primeira parte do projeto contra o coronavírus deverá recrutar voluntários curados para coleta de sangue e, assim, começar a pesquisa em busca de uma nova forma de tratamento contra o Sars-CoV-2.
Entenda tratamento contra coronavírus que usa sangue de pacientes curados e saiba quem pode ser doador
Apenas homens serão aceitos, já que mulheres podem apresentar anticorpo potencialmente perigoso para doenças pulmonares. Técnica pode diminuir tempo de internação de doentes.
Por Luiza Tenente, G1
05/04/2020 16h51 Atualizado há uma semana
Pesquisadores analisam sangue de curados do coronavírus atrás de tratamento
Um consórcio entre três hospitais paulistas – Hospital Albert Einstein, Hospital Sírio-Libanês e Hospital das Clínicas –recebeu a autorização de iniciar testes clínicosde um possível tratamento contra a Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus). A técnica, aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), baseia-se no plasma de um paciente curado.
Como funciona?
O plasma é a parte líquida do sangue, na qual estariam os anticorpos produzidos pelo organismo para combater o vírus. Essa substância, retirada de pacientes recuperados, pode ser aplicada em alguém que tenha um quadro grave da Covid-19.
Os médicos esperam que, ao receber o plasma com os anticorpos, o doente tenha uma recuperação mais rápida. O risco de mortalidade diminuiria e o tempo de internação seria reduzido, disponibilizando leitos para outros infectados.
“Precisamos descobrir se a técnica realmente funciona para o novo coronavírus. Se, por acaso, o paciente fizer o tratamento e ficar dois dias na UTI, e não uma semana, já teremos um ganho enorme”, afirma Silvano Wendel, diretor do banco de sangue do Sírio-Libanês (SP). “Queremos diminuir a gravidade da patologia e o tempo de permanência nos hospitais.”
Wendel explica que ainda há detalhes do procedimento que precisam ser acertados, como a quantidade de plasma aplicada no paciente e o número de doses necessárias para que o sistema imunológico reaja.
Sangue de pacientes curados da Covid-19 pode ajudar no tratamento de casos graves
Quem poderá doar?
É possível que algumas exigências variem de acordo com a instituição de saúde. No Einstein, no Sírio e no Hospital das Clínicas, o voluntário que doará o plasma precisa ter o seguinte perfil:
1.Ser homem(entenda mais abaixo).
2.Ter de 18 a 60 anos.
3.Pesar mais de 55 kg.
4.Ter feito o teste PCR, com resultado positivo para o novo coronavírus – não basta afirmar que manifestou os sintomas típicos da Covid-19.
5.Ter apresentado um quadro moderado da doença. Pacientes que ficaram entubados ou internados por muitos dias na UTI podem não ter se recuperado completamente.
6.Nunca ter tido hepatite B e C, doença de Chagas, Aids e sífilis.
Segundo Wendel, há um fenômeno raro em mulheres que já engravidaram (mesmo que tenham sofrido um aborto): a produção de anticorpos contra leucócitos. "Em uma parcela muito pequena de indivíduos, esses anticorpos podem causar reações pulmonares em quem receber o plasma", afirma. Como a Covid-19 já é uma doença respiratória, o quadro poderia se agravar.
Mas por que deixar de lado as mulheres que nunca engravidaram? De acordo com o especialista, mais exames seriam exigidos para comprovar que, de fato, a gestação não ocorreu - o que levaria tempo. "Não podemos correr o risco, por menor que ele seja. Preferimos ser mais criteriosos", diz Wendel.
Como participar?
Voluntários que possuam as características acima devem ligar para o banco de sangue do hospital e manifestar interesse em participar dos testes. No Sírio-Libanês, os números são: (11) 3394-5260 ou e (11) 3394-5261.
Eles receberão uma ligação de um médico, que fará uma entrevista inicial. Caso sejam aprovados, farão um primeiro exame de sangue. "Vamos analisar em laboratório, pela amostra, se há os chamados anticorpos neutralizantes, que combateriam o vírus", explica Wendel.
Ainda não há, segundo o especialista, como fazer testes em larga escala. Ele espera que, em duas semanas, já tenha selecionado voluntários para começar a aplicar o plasma em pacientes. Mas reforça: é apenas uma previsão, que pode ser revista.
Com parcimônia
Embora a técnica com plasma já tenha dado certo com outras doenças, como a H1N1, é preciso ter cautela. Não há, por ora, como saber se será aplicável na Covid-19.
"Vamos tomar uma série de cuidados. Queremos, por exemplo, injetar no plasma uma substância que inativaria qualquer bactéria ou vírus existentes no sangue do doador. Ou seja: trataríamos o plasma antes de aplicá-lo", menciona o diretor do banco de sangue do Sírio.
"Não estamos dizendo que vai dar certo. É uma técnica altamente experimental, mas que merece ser avaliada. Algo precisa ser feito para combater a pandemia", completa.
Doação de sangue não era proibida?
Uma norma técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde havia determinado que pessoas com diagnóstico do novo coronavírus não poderiam doar sangue durante 30 dias, contados a partir do desaparecimento de sintomas.
A regra, no entanto, não se aplica aos testes de plasma. Wendel explica que, nas doações de sangue comuns, não se sabe para quem o material doado será destinado. "Não é o caso do nosso procedimento, que recebeu autorização especial de uma agência regulatória", diz. "Especificamos exatamente o que será feito com o plasma e para quem ele será direcionado."
Em nota, a Anvisa informou que não precisa aprovar os estudos clínicos com o plasma convalescente.
"O produto, aliás, não é passível de registro na agência, devendo seguir as regras do sistema dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs)/Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e do Conselho Federal de Medicina (CFM)".
A agência regulatória orienta que o plasma convalescente seja utilizado em protocolos de pesquisa clínica com os devidos cuidados e controles necessários, "sem prejuízo do disposto em legislação específica sobre a autoridade e a conduta médica do profissional prescritor".
Ainda segundo a Anvisa, os critérios de triagem de doação de sangue já emitidos não são impeditivos para a coleta do plasma convalescente.
Equipe médica coloca paciente com Covid-19 em ambulância em Nova York, nos Estados Unidos, em 28 de março. — Foto: Stefan Jeremiah/Reuters
Pacientes tratados com plasma de pessoas já recuperadas da Covid-19 podem apresentar melhoras, aponta estudo
Substância é a parte líquida do sangue. Agência americana liberou o método para tratamento de casos graves, enquanto as pesquisas seguem sendo desenvolvidas.
Por G1
31/03/2020 11h41 Atualizado há 2 semanas
A agência que regulamenta medicamentos nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), está testando um tratamento experimental contra a Covid-19 usando plasma de pacientes que já se recuperaram da doença provocada pelo novo coronavírus. Um estudo feito com cinco pacientes graves internados em um hospital da China, usando o mesmo método, já demonstrou eficiência.
O plasma é a parte líquida do sangue. O uso desta substância retirada de pacientes recuperados já foi usado com sucesso em surtos de outras infecções respiratórias, incluindo a pandemia do vírus influenza H1N1, que ocorreu entre 2009 e 2010; a epidemia de Síndrome Aguda Respiratória (chamada de Sars-CoV-1), em 2003; e a epidemia de síndrome respiratória do Oriente médio (Mers-CoV), de 2012.
Em meio à urgência da pandemia do novo coronavírus, a FDA está liberando o uso emergencial de plasma de pacientes recuperados para serem usados naqueles que estão com o quadro grave da doença, enquanto estudos mais completos ainda estão sendo desenvolvidos.
"Esse processo [liberado pela agência] permite o uso de um medicamento sob investigação para o tratamento de um paciente individual feito por um médico licenciado, mediante autorização da FDA. Isso não inclui o uso de plasma convalescente da Covid-19 para a prevenção de infecção", afirma a instituição.
Segundo a agência americana, "embora promissor, o plasma convalescente não demonstrou ser eficaz em todas as doenças estudadas." De acordo com a FDA, "é importante determinar, por meio de ensaios clínicos (...) o que é seguro e eficaz de fazer."
Coronavírus: Técnica do plasma sanguíneo já é utilizada com outras doenças sem tratamento
Experiência na China
Na China, cinco pacientes em estado grave diagnosticados com a Covid-19 apresentaram melhora após o tratamento com plasma de pessoas que adquiriram o novo vírus e se recuperaram. Os resultados fazem parte de uma pesquisa feita por um hospital da China, e divulgada nesta segunda (30) pela revista de pesquisa científica Jama.
A pesquisa foi realizada pelo departamento de doenças infecciosas do hospital, Third People's Hospital em Shenzhen no sudoeste do país, em cinco pacientes que apresentaram pneumonia grave com progressão rápida e a carga viral da Covid-19 continuamente alta. Todos estavam respirando por meio de aparelhos.
O estudo foi realizado de 20 de janeiro a 25 de março deste ano. Os pacientes, com idades entre 36 e 73 anos, receberam a transfusão de plasma com um anticorpo específico neutralizados do Sars-Cov-2, o nome científico do novo coronavírus.
O plasma convalescente, rico em anticorpos, vem sendo usado por décadas para tratar doenças infecciosas, como o ebola e a influenza. Após a transfusão, a temperatura corporal de quatro pacientes normalizou em três dias, e as cargas virais também diminuíram 12 dias após a transfusão.
Três dos cinco pacientes tratados voltaram a respirar sem a ajuda de aparelhos dentro de duas semanas após a transfusão. Eles receberam alta hospitalar após permanecerem internados cerca de 50 dias. Os outros dois estão em condição estável após 37 dias da transfusão.
Os doadores de 18 a 60 anos haviam se recuperado da infecção e consentiram em fazer a doação sanguínea para a pesquisa. Segundo os pesquisadores, a limitação de testes impede a afirmação definitiva sobre a eficácia do tratamento.
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