O QUE FEZ DE STEPHEN HAWKING UM DOS CIENTISTAS MAIS INFLUENTES DA HISTÓRIA: AS CINCO MAIORES CONTRIBUIÇÕES DESTE GENIAL CIENTISTA,SUA VIDA E OBRA

O físico Stephen Hawking sobe ao palco durante o anúncio da iniciativa Starshot Breakthrough com o investidor Yuri Milner em Nova York, nos EUA. O projeto busca encontrar planetas habitáveis fora do nosso sistema solar (Foto: Lucas Jackson/Reuters)

O físico Stephen Hawking sobe ao palco durante o anúncio da iniciativa Starshot Breakthrough com o investidor Yuri Milner em Nova York, nos EUA. O projeto busca encontrar planetas habitáveis fora do nosso sistema solar (Foto: Lucas Jackson/Reuters)

O que fez de Stephen Hawking um dos cientistas mais influentes da história

Com contribuição para debates na física teórica e na astronomia, físico britânico almejou uma compreensão completa do universo. Algumas teorias vingaram; outras não, mas seu legado é inegável.

Por Monique Oliveira, G1

Diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) aos 21, Stephen Hawking não se abateu quando médicos estimaram que ele teria pouco tempo de vida. Viveu até os 76. E teve uma carreira prolífica, com descobertas que geraram imensos debates na física teórica e na astronomia -- ao lado de muita exposição na mídia e grande contribuição para a divulgação científica, o que também gerou alguns desafetos.
Suas teorias, como a de muitos físicos, desafiam a noção de espaço-tempo e nos levam a uma outra dimensão: não dá para começar a compreendê-las sem abandonar as concepções mais fundamentais sobre a realidade que conhecemos. Por exemplo, deve-se partir da premissa de que existem lugares no universo, os buracos negros, em que a gravidade é tão imensa que nada consegue sair de lá -- nem mesmo a luz.

Aliás, foi em seus estudos sobre os buracos negros que Stephen Hawking fez uma das suas principais contribuições. Ele descreveu que essas estruturas emitem uma radiação, que não à toa ficou conhecida como Radiação de Hawking. A teoria de Hawking de certa forma até negou a característica de "negro" atribuída aos buracos: a luz emitida por essa radiação demonstrava que eles não seriam tão escuros quanto se imaginava.

Essa teoria da radiação também mostrou que os buracos negros não eram imortais; em milhões de anos, eles poderiam desaparecer paulatinamente por processos que antecedem a emissão dessa radiação.
Hawking também teorizou sobre o Big Bang, sobre a formação do universo e emitiu opiniões das mais diversas sobre o futuro da humanidade e sobre a vida em outros planetas.
"Meu objetivo é simples. É ter uma compreensão completa do universo, por que ele é como é, e por que tudo existe”, chegou a afirmar.
Há quem diga que ele é injustiçado por nunca ter ganho o Nobel; há quem diga que, apesar do seu carisma e fama, não é para tanto. O fato é que -- seja pelas suas teorias, seja pela divulgação das teorias de outrem -- Hawking ajudou a fomentar debates que foram muito além da academia ou de grupos circunscristos de especialistas.
Conheça alguns deles:

Dentre as contribuições de Hawking, está a teoria de que os buracos negros emitem radiação  (Foto: Courtesy of the Avery E. Broderick/University of Waterloo/Perimeter Institute)
Dentre as contribuições de Hawking, está a teoria de que os buracos negros emitem radiação (Foto: Courtesy of the Avery E. Broderick/University of Waterloo/Perimeter Institute)

1 - Teoremas da Singularidade

Em colaboração com o também físico Robert Penrose, Hawking descreveu os primeiros teoremas da singularidade. A ideia é mais ou menos a seguinte: existem lugares no universo em que as variáveis da física se tornam infinitas e concentradas em um único ponto.
Trata-se de um conceito complicado -- é como se toda a densidade, toda a massa existente, ficasse concentrada em um lugar só. Cassio Barbosa, astrônomo e colunista do G1, explica esse conceito por meio de uma analogia com a expansão do universo:
"Se você parte da premissa de que o universo está em constante expansão, isso significa que, se voltar para trás, vai chegar à ideia de que o universo inteiro estava concentrado em único ponto. É mais ou menos essa a noção de singularidade."
Hawking chegou a conceber que a ideia de singularidade ajudava a explicar a formação do universo, em que o Big Bang teria tido uma densidade infinita.
O problema foi que Hawking começou a esbarrar em questões da mecânica quântica, que estuda elementos abaixo da escala atômica. "Quando você começa a colocar um monte de penduricalhos para a teoria funcionar, é porque ela já não está funcionando", comenta Cassio Barbosa. "Começou a ter muito remendo".
A importância desses teoremas hoje é que eles são um registro histórico de uma teoria que funcionou em alguma medida, diz Barbosa. "Tem um caminho que funcionou até determinado ponto. Pode ser que alguém aproveite esse caminho em algum outro momento", comenta.

2 - A radiação de Hawking

Essa é uma das principais contribuições de Hawking, com implicações importantes que garantem imensos debates ainda hoje. Nela, o pesquisador descreve um mecanismo que ocorre dentro de um buraco negro, que envolve uma reação entre matéria e antimatéria.
A antimatéria também possui massa e densidade, mas tem uma carga elétrica negativa. Hawking descreveu que o buraco negro engole a antimatéria e, com isso, de certa forma "emagrece". "Essa antimatéria acaba aniquilando a matéria existente dentro do buraco negro", diz Barbosa.

O processo que ocorre com a entrada dessa antimatéria emite uma radiação. Com o tempo, essa dinâmica entre a matéria e a antimatéria pode levar ao desaparecimento dos buracos negros, já que a quantidade de matéria existente em seu interior acaba diminuindo.
Antes dessa teoria de Hawking, acreditava-se que os buracos negros eram totalmente escuros e imortais. Com a radiação, Hawking mostrou que há luz e que, com o tempo, os buracos negros poderiam desaparecer, já que aniquilam a matéria.

Concepção artística ilustra buraco negro  (Foto: Robin Dienel/Carnegie Institution for Science)
Concepção artística ilustra buraco negro (Foto: Robin Dienel/Carnegie Institution for Science)

3 - O paradoxo da informação

Antes de explicar esse conceito, cabe retomar a mecânica quântica, ramo da física que estuda partículas subatômicas e para a qual nenhuma informação no universo é perdida.
Essa premissa da mecânica quântica entra em contraste com a teoria da radiação de buracos negros de Hawking. Com isso, tem-se uma contradição que pode ser descrita mais ou menos da seguinte maneira:
Se o buraco negro acaba sumindo completamente depois de milhões de anos pela emissão da radiação, a informação sobre ele seria perdida. Isso entraria em confronto com o postulado da mecânica quântica.
Em julho de 2004, Stephen Hawking publicou um artigo apresentando uma teoria de que as perturbações quânticas ao redor do buraco negro guardariam informações sobre ele; atestando, com isso, que resolveu o ponto sobre o paradoxo da informação. Essa questão, no entanto, continua sendo debatida por especialistas.

4 - Inflação cósmica

A teoria de que o universo teve um crescimento exponencial em seu início, primeiramente proposta por Alan Gouth, teve contribuições de Hawking, principalmente no que tange à divulgação. Ele organizou em Cambridge uma conferência, em 1982, em que ajudou a formentar a teoria.
A partir daí, ele também começou uma linha de trabalhos em teoria quântica e sugeriu que, antes do Big Bang, o universo não conhecia limites entre o espaço e o tempo. A proposta de um universo sem fronteiras foi apresentada por Hawking no Vaticano em 1981.

Hawking se interessou por temas diversos, como a expansão do universo (Foto: Getty Images)
Hawking se interessou por temas diversos, como a expansão do universo (Foto: Getty Images)

5 - Divulgação científica

Hawking escreveu diversos livros que ajudaram a divulgar complexas teorias cosmológicas em linguagem fácil para leigos. O primeiro foi "Uma breve história do tempo", escrito entre 1982 e 1984, que vendeu mais de 10 milhões de cópias.
Obras seguintes incluem: "O Universo numa casca de noz" (2001), "Uma nova história do tempo" (2005), versão atualizada de sua estreia co-escrita com Leonard Mlodinow) e "God created the integers" (2006).
Em parceria com sua filha Lucy, Hawking também escreveu livros infantis sobre o universo com George e o Segredo do Universo (2007) e suas duas continuações.

Trajetória de Stephen Hawking (Foto: Juliane Monteiro/G1)

Fonte:https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/o-que-fez-de-stephen-hawking-um-dos-cientistas-mais-influentes-da-historia.ghtml

Físicos explicam a importância de Hawking para a ciência

Por Angela Joenck
Stephen Hawking,é possivelmente o cientista mais conhecido do nosso tempo. Físico, cosmólogo, professor e pesquisador junto a diversas instituições de ensino, Hawking descobriu em 1974 que buracos negros emitem radiação térmica devido a efeitos quânticos. A teoria foi tão inovadora, que a tal radiação acabou levando o seu nome. "O Hawking foi muito importante ao calcular que efeitos quânticos fazem um buraco negro perder massa. Embora esta perda de massa seja muito pequena, com um longo tempo ela faz o buraco negro evaporar", diz o professor do Instituto de Física da UFRGS Kepler de Souza Oliveira Filho.
Como Isaac Newton 
A fama de Hawking chegou a lhe garantir aparições em séries como Os Simpsons Star Trek: The Next Generation Jornada nas Estrelas: A Nova Geração , no Brasil). Mas nas comemorações do seu septuagésimo aniversário, é a Universidade de Cambridge que está prestando a maior homenagem ao cientista. Ocupando a cadeira que uma vez foi de Isaac Newton, Hawking é tema de uma conferência de quatro dias que culminará em um simpósio aberto ao público. O evento, que será transmitido pela internet, contará com a presença do próprio Hawking, além de nomes como Saul Perlmutter, vencedor do Prêmio Nobel de Física em 2011. Na pauta está a revisão do status atual de campos de estudo como buracos negros, cosmologia e física fundamental.
Mas na opinião de Matthew Pitkin, acima de todas as teorias, a grande contribuição de Hawking está na divulgação da ciência para o grande público. Ao lançar o best-seller Uma Breve História do Tempo , o cientista procurou explicar ao leitor não especialista temas considerados bastante complexos . "O lançamento daquele livro foi um grande marco, e o fato de que ele foi tão bem sucedido levou a popularização da física e astronomia. Não é que Uma Breve Historia do Tempo seja fácil de ler, mas foi um dos primeiros livros de ciência a se tornar popular e a discutir cosmologia e o universo. Desde então, ele deu origem a uma quantidade gigantesca de "ciência popular", com outros livros e especiais de TV, falando de física em geral e, mais especificamente, de astronomia. Então isso teve um impacto muito grande na percepção que o público tem da ciência e o que as pessoas sabem sobre o assunto", diz Pitkin. Já Kepler Oliveira, da UFRGS, classifica Hawking como "tremendamente importante". "Ele conseguiu transformar um assunto teórico difícil em algo de interesse da população", diz o astrônomo.
Perseverança e bom humor 
Quando foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica aos 21 anos, os médicos avisaram Stephen Hawking de que ele não teria mais que 24 meses de vida. Desafiando todas as probabilidades, é a perseverança do cientista que une físicos e leigos na comemoração dos seus 70 anos. "Ele ainda está aqui, produzindo e trabalhando em pesquisas. Teve incontáveis estudantes que seguiram carreira e se tornaram grandes nomes da física e da astronomia. E todos eles concordam que, apesar de todas as dificuldades, ele tem pensamento muito ágil e ainda é capaz de lidar com os grandes conceitos de pesquisa que estão surgindo", afirma o britânico Pitkin.Imagem relacionada
Retrato mostra Stephen Hawking em 1963, quando tinha 21 anos; neste ano, o jovem britânico que havia se graduado em física pela Universidade de Oxford descobriu que era portador de uma doença degenerativa
Foto: Howard Grey / Divulgação

Para chegar a esta conclusão, Hawking precisou unir áreas da física que nunca foram combinadas: as teorias quânticas, a relatividade e a termodinâmica. "Essa junção foi fundamental para apontar um novo jeito de pensar sobre as coisas", diz o doutor Matthew Pitkin, pesquisador do Instituto de Física e Astronomia da Universidade de Glasgow. A descoberta levou a outros desdobramentos, como o surgimento de um campo chamado cosmologia quântica. "Ele foi uma das pessoas na linha de frente deste ramo, usando teorias de mecânica quântica e aplicando-as à cosmologia. Se você pensar, a mecânica quântica lida com as menores coisas que existem, enquanto a cosmologia lida com o universo todo. E tudo isso faz parte do grupo de contribuições que ele fez à ciência", pondera o Dr. Pitkin.

Como Isaac Newton 
Mas na opinião de Matthew Pitkin, acima de todas as teorias, a grande contribuição de Hawking está na divulgação da ciência para o grande público. Ao lançar o best-seller Uma Breve História do Tempo , o cientista procurou explicar ao leitor não especialista temas considerados bastante complexos . "O lançamento daquele livro foi um grande marco, e o fato de que ele foi tão bem sucedido levou a popularização da física e astronomia. Não é que Uma Breve Historia do Tempo seja fácil de ler, mas foi um dos primeiros livros de ciência a se tornar popular e a discutir cosmologia e o universo. Desde então, ele deu origem a uma quantidade gigantesca de "ciência popular", com outros livros e especiais de TV, falando de física em geral e, mais especificamente, de astronomia. Então isso teve um impacto muito grande na percepção que o público tem da ciência e o que as pessoas sabem sobre o assunto", diz Pitkin. Já Kepler Oliveira, da UFRGS, classifica Hawking como "tremendamente importante". "Ele conseguiu transformar um assunto teórico difícil em algo de interesse da população", diz o astrônomo.
Perseverança e bom humor 
Quando foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica aos 21 anos, os médicos avisaram Stephen Hawking de que ele não teria mais que 24 meses de vida. Desafiando todas as probabilidades, é a perseverança do cientista que une físicos e leigos na comemoração dos seus 70 anos. "Ele ainda está aqui, produzindo e trabalhando em pesquisas. Teve incontáveis estudantes que seguiram carreira e se tornaram grandes nomes da física e da astronomia. E todos eles concordam que, apesar de todas as dificuldades, ele tem pensamento muito ágil e ainda é capaz de lidar com os grandes conceitos de pesquisa que estão surgindo", afirma o britânico Pitkin.
Como Isaac NewtonA fama de Hawking chegou a lhe garantir aparições em séries como Os Simpsons Star Trek: The Next Generation Jornada nas Estrelas: A Nova Geração , no Brasil). Mas nas comemorações do seu septuagésimo aniversário, é a Universidade de Cambridge que está prestando a maior homenagem ao cientista. Ocupando a cadeira que uma vez foi de Isaac Newton, Hawking é tema de uma conferência de quatro dias que culminará em um simpósio aberto ao público. O evento, que será transmitido pela internet, contará com a presença do próprio Hawking, além de nomes como Saul Perlmutter, vencedor do Prêmio Nobel de Física em 2011. Na pauta está a revisão do status atual de campos de estudo como buracos negros, cosmologia e física fundamental

Morre Stephen Hawking, o físico britânico que revolucionou a Ciência e nossa maneira de entender o Universo


14 março 2018

E tudo isso sem perder o bom humor. Ao conceder entrevista à revista New Scientist , Hawking confessou que buracos negros e formulas matemáticas não são desafio nenhum, e que ele passa os seus dias pensando em um assunto bem diferente. "As mulheres. Passo o dia inteiro pensando nelas. Elas são um completo mistério", disse ele.
Há quem pense que a introspecção forçada pela doença facilite a elaboração das ideias complexas do cientista. "Ele passa mais tempo fechado em si mesmo do que a maioria das pessoas, pelas dificuldades causadas pela doença. Isto facilita o desenvolvimento de teorias que precisam de muita concentração, sem interferências externas", afirma Kepler Oliveira. Já Matthew Pitkin ressalta a energia e a capacidade de abstração de Hawking. "Ele ainda viaja pelo mundo dando palestras, passa muito tempo em Los Angeles - e não é para descansar, mas sim para desenvolver pesquisas no Caltech, o Instituto de Tecnologia da Califórnia", elogia o britânico.
"Se você for pensar, o que ele faz é incrível. Se ele for ler um trabalho qualquer, ou se ele tiver uma ideia para uma nova pesquisa, ele tem que deixar tudo dentro da cabeça, porque não consegue sequer pegar um papel e caneta para anotar uma equação, ou desenhar um diagrama", lembra o professor da Universidade de Glasgow. "A maioria de nós ia ter dificuldade de fazer qualquer uma dessas coisas, mesmo tendo todos os movimentos. Qualquer um de nós colocaria alguma coisa no papel, ficaria olhando para aquilo horas, talvez dias, até desenvolver uma ideia. E ele ainda consegue fazer tudo isso, e o faz muito bem. É simplesmente impressionante", completa.
Fonte:https://www.terra.com.br/noticias/ciencia/pesquisa/fisicos-explicam-a-importancia-de-hawking-para-a-ciencia,7e280665632da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html



Stephen Hawking
Image captionHawking sofria desde jovem com a esclerose lateral amiotrófica. Foto: BBC/Richard Ansett

O físico britânico Stephen Hawking morreu nesta quarta-feira, aos 76 anos, segundo informou sua família.
Com sua morte, desaparece um dos cientistas mais conhecidos do mundo e também um dos divulgadores da Ciência mais populares das últimas décadas.
"Estamos profundamente tristes pela morte do nosso pai hoje", disseram seus filhos Lucy, Robert e Tim.
"Era um grande cientista e um homem extraordinário, cujo trabalho e legado viverão por muitos anos", afirmaram em um comunicado.
Nascido em 8 de janeiro de 1942 em Oxford, no Reino Unido, Hawking era considerado um dos cientistas mais influentes do mundo desde Albert Einstein, não só por suas decisivas contribuições para o progresso da Ciência, como também por sua constante preocupação em aproximá-la do público e por sua coragem de enfrentar a doença degenerativa da qual sofria e que o deixou em uma cadeira de rodas e sem capacidade para falar de maneira natural.
Hawking usava um sintetizador eletrônico para poder falar, mas a voz robótica produzida pelo aparelho para expressar suas ideias acabou se tornando não só uma de suas marcas registradas, como também constantemente ouvida e respeitada no mundo todo.
Para produzir sua "fala", o físico usava formava as palavras em uma tela com leves movimentos da face, também usados para operar sua cadeira de rodas.





'Meu pai tinha resposta para tudo': as lembranças de infância da filha de Stephen Hawking

Casamento e diagnóstico

Filho de um biólogo que decidiu tirar sua família de Londres para deixá-los a salvo dos bombardeios alemães durante a Segunda Guerra Mundial, Hawking cresceu na cidade de St. Albans.
Como estudante, não tardou em demonstrar seu valor. Formou-se com honras em Física em Oxford, e mais tarde se pós-graduou em Astronomia pela Universidade de Cambridge.


Stephen Hawking.Direito de imagemPA
Image captionHawking defendia que o universo era regido por leis estabelecidas.

O jovem Hawking gostava de montar a cavalo e de remar.
Mas aos 21 anos tudo mudou. Ele começou a notar que seus movimentos eram cada vez mais desajeitados e foi diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neuromotora.
Os médicos disseram que ele não viveria mais do que dois anos.
Quando foi diagnosticado, planejava seu casamento com Jane Wilde, sua primeira mulher.
"O compromisso me salvou a vida, me deu uma razão para viver", contou o físico anos mais tarde.
O casal teve dois filhos.
Hawking desafiou todos os prognósticos - a doença avançou mais lentamente do que o previsto. Mas com os anos acabou o deixando com movimento somente em dois dedos e em alguns músculos faciais.
Isso não impediu que seguisse trabalhando em suas teorias, divulgadas em livros e eventos públicos.
Em 1988 ele havia completado sua obra Breve História do Tempo, que se converteu em um sucesso absoluto no mundo todo, com mais de 10 milhões de cópias vendidas.

Suas teorias



Stephen HawkingDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm 2004, Hawking revisou sua própria teoria e concluiu que os buracos negros não absorvem tudo.

Hawking havia demonstrado que a paixão à qual dedicou toda sua vida, estudar as leis que governam o Universo, também poderia ser atraente para o grande público.
Ele conseguiu com que sua deficiência se convertesse em uma das chaves de sua obra científica. Quando perdeu a mobilidade dos braços, se empenhou em ser capaz de resolver os cálculos científicos mais complexos somente com a mente, sem anotar equações.
Logo começou a propor teses revolucionárias que questionavam os cânones estabelecidos.
Uma de suas afirmações mais ousadas foi a de considerar que a Teoria Geral da Relatividade formulada por Einstein implicava que o espaço e o tempo tivessem um princípio no Big Bang e um fim nos buracos negros.
Em 1976, seguindo os enunciados da física quântica, Hawking concluiu em sua "Teoria da Radiação" que os buracos negros - as regiões no espaço com tamanha força de gravidade que nem a luz pode escapar delas - eram capazes de emitir energia e perder matéria.
Em 2004 revisou sua própria teoria e chegou à conclusão de que os buracos negros não absorvem tudo.
"O buraco negro só aparece em uma silhueta e depois se abre e revela informações sobre tudo o que havia caído dentro dele. Isso nos permite verificarmos o passado e prever o futuro", disse o cientista.

Ainda mais breve...

Hawking teve um papel fundamental na difusão da Astronomia em termos fáceis de compreender para o público geral.


Hawking cmn sua famíliaDireito de imagemAFP
Image captionO cientista usava um sintetizador de voz para se comunicar e uma cadeira de rodas controlada pelo movimento da cabeça e dos olhos.

Consciente de que seu livro havia vendido muito, mas lido inteiro por poucos devido à sua complexidade, Hawking publicou uma versão mais curta e de leitura mais fácil da já Breve História do Tempo.
O físico tentou por todos os meios que as pessoas comuns se aproximassem dos mistérios do Universo, e em busca desse objetivo não duvidou em recorrer ao humor.
Em uma aparição que ficou famosa no desenho de televisão Os Simpsons, o cientista advertia Homer de que roubaria sua ideia de que o Universo tem forma de rosca.
Outra mostra de sua relação com a ironia está presente em sua própria página na internet, com piadas contadas por ele mesmo.
"Quando tive que dar uma conferência no Japão, me pediram que não fizesse menção ao possível colapso do Universo, porque isso poderia afetar as bolsas de valores", escreveu.
"Porém, posso assegurar a qualquer um que esteja preocupado com seus investimentos de que é um pouco cedo para vender. Ainda que o Universo acabe, isso não deve ocorrer dentro de ao menos 20 bilhões de anos", concluiu.





Mudanças climáticas podem deixar Terra igual a Vênus, alerta Stephen Hawking

Fonte:http://www.bbc.com/portuguese/internacional-43397267

Cinco grandes contribuições que Stephen Hawking deu à Ciência





Fonte:http://www.bbc.com/portuguese/brasil-43398810



Stephen Hawking em Nova York em 2016Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO talento de Hawking - que, para muitos, o faz digno de um Nobel que não veio durante sua vida - era combinar distintos campos da física

O físico britânico Stephen Hawking, que morreu nesta quarta-feira na Inglaterra, colecionou muitas vitórias ao longo de 76 anos de vida.
Foi considerado um dos cientistas mais influentes do mundo desde Albert Einstein, não só por suas decisivas contribuições para o progresso das teorias que explicam o Universo, mas também por sua constante preocupação em aproximar a Ciência das pessoas.
Ele também enfrentou com coragem uma doença motora degenerativa, que o deixou em uma cadeira de rodas e sem capacidade para falar de maneira natural. Por anos usou um sintetizador de voz para se comunicar. O cientista morreu por complicações da doença diagnosticada quando tinha 22 anos. Hawking sofria com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
Hawking desafiou o prognóstico dos médicos, que lhe previram uma vida curta, e continuou elaborando teorias e divulgando a Ciência por mais de 50 anos.
A BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, selecionou cinco das grandes contribuições que o físico britânico deu ao mundo.

1 - Buracos negros

Stephen Hawking dedicou toda a carreira a pesquisar as leis do Universo. Muitos dos teoremas elaborados por ele, contudo, estão relacionados aos buracos negros.
Trata-se de regiões do espaço que possuem forças gravitacionais tão intensas que nada consegue escapar delas. Nem mesmo a luz - daí o nome "buracos negros".
A ideia data do século 18 e é, portanto, anterior a Hawking. Mas foi a Teoria Geral da Relatividade, elaborada por Albert Einstein em 1915, que ajudou a entender que a deformação no espaço-tempo causada pela massa de corpos celestes está ligada à força da gravidade. Quanto maior a massa do corpo, maior a deformação e, por sua vez, maior a força da gravidade.


Stephen Hawking em Bruxelas em 2007Direito de imagemREUTERS
Image captionStephen Hawking dedicou anos da vida pesquisando os buracos negros

Nos anos 1970, Stephen Hawking usou os estudos de Einstein para descrever a evolução dos buracos negros do ponto de vista da física quântica. E descobriu que não retêm tudo dentro deles.
"Se você cair em um buraco negro, não desista. Existe uma forma de sair de lá", disse numa palestra em 2015 na Suécia.
"Eu acho que minha maior conquista será (mostrar) que os buracos negros não são completamente negros", disse o físico à BBC no ano passado. "Efeitos quânticos", continuou ele, "faz com que eles brilhem como corpos quentes com uma temperatura menor, quanto maior o buraco negro".
Esse resultado foi completamente inesperado e mostrou que existe uma relação profunda entre gravidade e termodinâmica.


Hawking experimentando gravidade zeroDireito de imagemAFP
Image captionCom o matemático britânico Roger Penrose, Hawking se deu conta que os buracos negros eram como o Big Bang ao contrário

Para Hawking, essa é a chave para ajudar a resolver os paradoxos da mecânica quântica e a relatividade geral, duas áreas da física que ainda estão em busca de consenso.

2 - Radiação Hawking

Ao desenvolver o conceito chamado Radiação Hawking, o físico explicou como informações das partículas ficariam na fronteira, ou no horizonte dos buracos negros.
Para ele, a física quântica ajuda a entender que os buracos negros são capazes de emitir energia, perder matéria e até desaparecer. E os efeitos quânticos seriam os responsáveis pelos buracos negros perderem parte de sua característica.
Roland Pease, repórter de Ciências da BBC, explica: "Um buraco negro levaria muito tempo para evaporar dessa maneira, mas em seus últimos anos, Hawking disse que ele expiraria em uma explosão de energia equivalente a um milhão de megatons de bombas de hidrogênio".


Big Bang
Image captionO trabalho de Hawking ajudou a comprovar a existência do Big Bang

Em 2008, quando o maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor Elétron-Pósitron (LHC, na sigla em inglês), foi inaugurado na Suíça, criou-se uma grande expectativa de que miniburacos negros seriam criados, provando, na prática, a teoria de Hawking.
Se isso tivesse acontecido, Roland Pease afirma que o britânico teria "com certeza" recebido o Prêmio Nobel. Mas não foi o caso. O LHC não permitiu comprovar a teoria do físico britânico.

3 - O Big Bang

O trabalho que Stephen Hawking conduziu sobre os buracos negros ajudou a provar a ideia de que uma grande explosão, chamada Big Bang, foi o princípio de tudo.
Ainda que tenha sido desenvolvida na década de 1940, a teoria do Big Bang não foi aceita imediatamente por todos os estudiosos do cosmos.
Em colaboração com o matemático britânico Roger Penrose, Hawking se deu conta de que os buracos negros eram como o Big Bang ao contrário. Segundo o físico, os cálculos usados para descrever os buracos negros também serviam para descrever "a grande explosão".


Stephen Hawking
Image caption'Estamos profundamente tristes pela morte do nosso pai hoje', disseram, em um comunicado, os filhos Lucy, Robert e Tim quando confirmaram a notícia

Roland Pease explica que, "enquanto outros pesquisadores lutavam para descrever um breve momento na vida de uma molécula usando leis quânticas, Hawking (juntamente com o físico James Hartle) mostrou que era possível encapsular a história de todo o Universo em uma única equação matemática".
A equação ficou conhecida como o Estado de Hartle-Hawking, que os dois pesquisadores britânicos costumavam chamar de "função de onda do universo".
Sobre essa forma de explicar o Universo, Roland Pease afirma: "Porque a equação é autossuficiente, ela começa em uma singularidade no início dos tempos e se fecha com outra no fim dos tempos e, se necessário, o histórico pode saltar entre estes dois extremos".
Juntando todos esses conceitos, uma das afirmações mais ousadas de Hawking foi considerar que a Teoria Geral da Relatividade de Einstein implicava que o espaço e o tempo começaram no Big Bang e acabaram em buracos negros.
"Einstein estava errado quando disse que 'Deus não joga dados'. A existência dos buracos negros sugere não apenas que Deus brinca de dados, mas também nos confunde ao jogá-los onde não podem ser vistos", disse o físico no livro A Natureza do Espaço e do Tempo, publicado em 1996.


Stephen HawkingDireito de imagemPA
Image captionStephen Hawking acreditava que o Universo evoluia segundo leis estabelecidas

Para Hawking, nenhuma lei da física se aplica até a ocorrência do Big Bang. O Universo evoluiu de maneira independente ao que havia antes. Até a quantidade de matéria no Universo pode ser diferente do que havia antes da explosão, porque a Lei de Conservação da Matéria não se aplicaria ao Big Bang.

4 - A Teoria de Tudo

Stephen Hawking atraiu muita atenção ao sugerir, por meio da Teoria de Tudo, que o Universo evolui segundo leis bem definidas.
No livro de mesmo nome, Hawking mergulha nas histórias das teorias do universo. Começa com Aristóteles, que afirmou que a Terra era redonda, e vai até à descoberta da lei de Hubble, mais de dois mil anos mais tarde, que mostrava que o universo se encontra em expansão.
Na obra, ele traz elementos da física moderna, fala dos buracos negros, do tempo-espaço e das perguntas ainda sem respostas. E defende combinar teorias parciais em uma única.
"Esse conjunto de leis pode nos dar respostas a perguntas como qual foi a origem do Universo", declarou Hawking.


Stephen Hawking na Universidade Washington University em Washington, 2008
Image captionEm 2008, ele fez uma palestra em Washington e falou sobre por que a humanidade precisa explorar o espaço | Foto: Jim Watson

"'Até onde vamos - e haverá um final? E se for assim, como terminará?' Se encontrarmos uma resposta para isso, será o maior triunfo da razão humana, porque conheceríamos a mente de Deus", prometeu em Uma Breve História do Tempo, publicado em 1988.

5 - Breve história do tempo

Apesar da complexidade de todos esses conceitos, Hawking fez um grande esforço para difundir a cosmologia em termos fáceis de serem compreendidos pelo público em geral.
"Eu quero que meus livros sejam vendidos em lojas de aeroporto", declarou em uma entrevista ao jornal americano The New York Times, em dezembro de 2004.
O livro Uma Breve História do Tempo vendeu mais de 10 milhões de cópias no mundo.
Ainda assim, Hawking tinha consciência de que as vendas não eram sinônimo de leitura completa da obra. Anos depois, ele publicou uma versão mais leve e fácil de digerir.
O grande talento de Hawking, que, para muitos, o faz digno de um Prêmio Nobel que não veio durante sua vida, era combinar distintos campos da física, mas igualmente importantes: gravitação, cosmologia, teoria quântica, termodinâmica e teoria da informação.



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