GERAÇÃO TECNOLÓGICA-DIGITAL E A USABILIDADE DA INTERNET - A PUBLICIZAÇÃO DO EU

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GERAÇÃO TECNOLÓGICA-DIGITAL E A USABILIDADE DA INTERNET

A partir de 1980 a meados da década de 1990, nasceram as pessoas da geração tecnológica-digital, nativos digitais ou ainda geração Y. Esses indivíduos cresceram com a modernização das mídias, os amplos progressos comunicacionais, com a convergência dos meios de comunicação por meio da era digital e, principalmente, com a expansão da internet. É a geração da interatividade, da conectividade, da portabilidade, da simplificação tecnológica, da mídia digital. Esta é a base mais significativa dos Nativos Digitais.

A partir de 1980 a meados da década de 1990, nasceram as pessoas da geração tecnológica-digital, nativos digitais ou ainda geração Y. Esses indivíduos cresceram com a modernização das mídias, os amplos progressos comunicacionais, com a convergência dos meios de comunicação por meio da era digital e, principalmente, com a expansão da internet.
É a geração da interatividade, da conectividade, da portabilidade, da simplificação tecnológica, da mídia digital. Esta é a base mais significativa dos Nativos Digitais. "Eles querem ser usuários - não apenas expectadores ou ouvintes (GOBBI, 2010 p. 346-347).
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A geração tecnológica-digital está conectada praticamente o dia todo nas redes sociais construindo identidades e comportamentos diferentes do contexto em que vivem e buscando cada vez mais uma interatividade global, sem fronteiras territoriais e inúmeros interesses individualistas. Gobbi (2010) ainda salienta que tal geração teve o privilégio de nascer sob a ascensão multimidiática.
As pessoas consideradas da geração tecnológica-digital nasceram no período de vasta convergência das mídias, onde os computadores, juntamente com a internet, ganhavam grandes usabilidades nas diferentes atividades do cotidiano, possibilitando assim, a evidenciação desta nova mídia que surgia pós-nova ordem tecnológica, em um mundo cada vez mais globalizado. Essa evidenciação fez com que os jovens dessa geração se tornassem dependentes totais dos diversos aparatos tecnológicos que possuem conectividade com à rede.
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A partir de então, a internet passou a ser considerada um meio de comunicação que propiciava aos navegantes um feedback e uma interatividade mais precisa em relação às outras mídias e um vasto intercâmbio de informação passou a ser oferecido de forma fluida, praticamente simultânea, imediatista. Tal efeito fez com que as pessoas se tornassem produtoras de conteúdos na web, interligando diferentes culturas, desfazendo a característica de passividade que era oferecida anteriormente pelas outras mídias existentes, como o rádio, TV e o cinema. [...] Neste contexto, a interatividade pode ser entendida como sendo a possibilidade de participação do telespectador [...] (MONTRESOL, 2011, p. 41).
O parágrafo acima reforça a fala de Don Tapscott (2011), em entrevista à Revista Veja, quando diz que os jovens não vivem na era da informação, mas, evidentemente, na era da colaboração em massa, a era da inteligência conectada. Através das mídias digitais os emissor-receptores podem influenciar e participar de diversos assuntos, anulando o efeito dos "receptores" serem o ponto final de uma mídia unilateral.
A PUBLICIZAÇÃO DO EU, O UMBIGUISMO E A CONCEPÇÃO IDENTITÁRIA DA GERAÇÃO TECNOLÓGICA-DIGITAL

Antes, a identidade estava assegurada por algumas características próprias de cada indivíduo, como o nome, o registro de nascimento, o cadastro de pessoa física, entre outros fatores que antes eram permanentes e os identificavam. Diferentemente do que foi apresentado, a identidade, hoje, para as novas gerações é uma questão subjetiva aos conceitos passados

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Com a avassaladora expansão da internet as redes sociais foram ganhando cada vez mais espaços e adeptos, surgindo então, diferentes usuários com papeis participativos nada semelhantes ao da realidade "não-virtual" em que estavam inseridos.
Em conformidade com Bauman (2005 apud NÓBREGA, 2010, p. 96),
"Houve um tempo em que a identidade humana de uma pessoa era determinada fundamentalmente pelo trabalho produtivo desempenhado na divisão social do trabalho", hoje é fruto de determinadas escolhas em meio a inúmeras possibilidades. A pós-modernidade propiciou que as identidades formassem em torno do lazer, da aparência, da imagem e do consumo.
Antes, a identidade estava assegurada por algumas características próprias de cada indivíduo, como o nome, o registro de nascimento, o cadastro de pessoa física, entre outros fatores que antes eram permanentes e os identificavam. Diferentemente do que foi apresentado, a identidade, hoje, para as novas gerações é uma questão subjetiva aos conceitos passados. [...] Assim, a identidade deixa de ser algo dado com o nascimento e passa a ser conceituada como algo em constante construção e transformação [...] (NÓBREGA, 2010, P.96).
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Diferente da geração tecnológica-digital, os baby boomers criam ao longo da vida uma identidade unificada, preferencialmente aos modos e costumes tradicionais que foram-lhes passados pelos pais e avôs . Os boomers, certamente, são aqueles que buscam estabilidade no serviço, chegando a trabalhar cerca de 30 anos no mesmo emprego e não deixam de seguir as regras que foram ditadas na sociedade. Preferem utilizar a comunicação/interação face a face , ou seja, a presença não-virtualizada de outro indivíduo para comunicar-se, já que os nativos digitais são extremamente dependentes da interação reativa. Gobbi (2012, p. 102) ainda ressalta que [...] Em linhas gerais podemos dizer que essa geração tinha como característica marcante a forte tendência ao trabalho e ser um grupo de perfeitos seguidores de normas hierárquicas (no trabalho e na família).
Para os boomers e até mesmo para as pessoas da geração baby bust, as paqueras começavam com os "correios elegantes", que eram popularmente adorados na época, marcando assim, a transição de criança para a adolescência. Para a geração tecnológica-digital os correios elegantes soam como heresia, já que a internet, com ajuda das redes sociais, torna a vida pessoal-amorosa em pública, tornando a web em um diário virtual, sem segredos e receios.
Relacionando a geração tecnológica-digital com a geração X, pode-se destacar que a geração que sucede os baby boomers cresceu com as transformações socioeconômicas, políticas e culturais da época, pois era o início da Ditadura Militar no Brasil, onde as ideologias e conceitos que cada indivíduo possuía era ocultada, tendo assim, que construir outra identidade, para não ser repreendido e banido pelos militares, sendo que até a própria mídia era moldada para os interesses políticos, tendo que censurar previamente alguns conteúdos.
Foram as pessoas da geração baby bust que prolongaram a juventude, quebrando o paradigma de que era necessário casar e constituir família.
Nas redes sociais os jovens da geração tecnológica-digital criam identidades descaracterizando a própria imagem, configurando aquilo que almeja ser, uma personalidade diferente. Toda concepção identitária se esboça em forma de representação e no caso das redes virtuais de relacionamento, a representação do indivíduo se dá por meio da publicização do eu. O ego se torna uma centralidade na rede. A forma de se projetar a imagem na rede pode ser caracterizada como dramática, na medida em que é uma espécie de processo teatral de representação (NÓBREGA, 2010, p. 97).
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Essa "publicização do eu" ocorre devido a abertura global ocasionada pela internet, uma mídia sem fronteiras, sem delimitações "não-lugares", reformuladora da noção de tempo e espaço; em que há inúmeros usuários que não se conhecem pessoalmente integrando-se na rede e construindo identidades simbólicas, podendo ser verossímil ou não, propagando um discurso ilusório ou falseado, praticando o que pode-se determinar como "umbiguismo", agindo de acordo com os próprios interesses e vontades.

PARTE 2: GERAÇÃO TECNOLÓGICA-DIGITAL E A USABILIDADE DA INTERNET


O processo de globalização das tecnologias da informação tem propiciado ampla relação de companheirismo entre máquinas e homens, fazendo da geração tecnológica-digital interdependentes da interatividade e da necessidade de compartilhamento de informações nos suportes virtuais, que tornou-se uma sociedade de inteligência coletiva. Esse companheirismo transformou a sociedade global, se antes só existiam os espaços concretos, ou seja, físicos para a sociabilidade, hoje a sociedade espacial está maximizando o impacto da Revolução Informacional na vida das pessoas através da conectividade. É um fenômeno social! 
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Pode-se dizer que a geração tecnológica-digital vê a internet e os amplos processos comunicacionais não como uma novidade, mas sim, com uma realidade, já que para as gerações passadas esses processos ocorrem com adaptações extremamente necessárias, sendo que, aqueles que não se adaptam ou não sabem usar os computadores são considerados Analfabetos Digitais, por não se incluírem no meio tecnológico.
Celulares e mp3 armazenam em megabytes, o estilo de vida de seus usuários - são fotografias, músicas, vídeos, mensagens, redes sociais e todo tipo de informações que falam mais a respeito de sua identidade do que o próprio documento de papel que carregam na carteira. Da mesma forma, as tarefas do dia a dia confundem-se com as múltiplas e inescapáveis opções de lazer que também estão ali acumuladas. Sendo assim, trabalho e lazer, produtividade e sociabilidade, tempo útil e tempo livre convergem para o mesmo gadget, a tecnologia feita para entreter em qualquer espaço e qualquer momento (ROCHA; PEREIRA, 2010, p. 399).
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Na infância, os boomers costumavam brincar na rua com os amigos, os jogos, que não eram virtualizados, tinham valores culturais e recreativos bem maiores que os jogos encontrados para as antigas crianças (atualmente já estão adultas) da geração tecnológica-digital. Brincar com bonecas de pano artesanais, jogos dos palitinhos, jogo do elástico, pular corda, subir em árvores, cantigas e brincadeiras de roda, pega-pega, esconde-esconde, jogo de botão e jogos de tabuleiros eram imprescritível para uma infância saudável e ainda serviam como atividades físicas.
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As crianças e pré-adolescentes da geração X ficaram na divisão entre permanecer na naturalidade e sensatez das brincadeiras antigas, ou aceitar as inovações industrializadas e tecnológicas que estavam surgindo naquela época, como os vídeogames, entre outros jogos e aparelhos eletrônicos, TV em cores e com controle remoto, vídeocassete e até mesmo os primeiros computadores. [...] Dos jogos eletrônicos para a internet foi um pulinho nos costumes, mas um passo gigantesco na mudança da cultura entre as gerações [...] (TIBA, 2012, p. 234).
De acordo com Castells (2007 apud MONTRESOL, 2011, p. 15)
"[...] vivemos um desses raros intervalos na história. Um intervalo cuja característica é a transformação de nossa cultura material pelos mecanismos de um novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da tecnologia da informação". A convergência tecnológica tem proporcionado às novas mídias novas formas de comunicação, favorecendo o acesso ao telespectador usuário.
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Se antes os boomers e até mesmo os baby bust trabalhavam com máquinas de escrever, sendo que ainda precisavam fazer cursos de datilografia, em um modo de trabalho tradicional, para os jovens da geração tecnológica-digital esse método de trabalho e utilização não chega perto, já que nos dias de hoje muitos jovens dessa geração preferem os Home Oficce/Home Based, ou seja, locais de trabalho na própria casa (teletrabalho). Tais jovens aprenderam utilizar rapidamente os computadores e sua usabilidade. Optam em fazer faculdade pelo método EaD - Ensino à Distância, com aulas virtualizadas e interativas, fazem compras online pela internet, pagam boletos bancários pelos aplicativos do internet banking nos smartphones, realizam entrevistas de empregos por skype, entre outras atividades. [...] Na atualidade, para a juventude, a tecnologia está integrada em suas vidas, faz parte de seu ambiente e a assimilam, juntamente com as outras coisas [...] (GOBBI, 2010, p. 340).

GASTADORES E SOLITÁRIOS

Estamos nos tornando cada vez mais individualistas e dependentes do consumo como fonte de felicidade, diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman.
zygmunt-bauman-1-1_27392.jpg Com mais de 30 livros publicados no Brasil, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, 88, é um dos mais profícuos e renomados pensadores da contemporaneidade. Para ele, a sociedade enfrenta grave problema: “parece que o caminho para a felicidade passa, necessariamente, pelas compras. E as pessoas querem comprar os produtos e rapidamente descartá-los, substituindo por novos. Isso representa grande desperdício de recursos naturais do planeta”.
Para Bauman, a relação da sociedade com o consumismo é tão intensa, que se tornou comum as pessoas gastarem o dinheiro que não têm, por meio do crédito. São hábitos que convergem para o conceito de “liquidez” da sociedade pós-moderna, principal linha de raciocínio de sua obra.
“É uma metáfora simples. Nosso arranjo social, nos dias de hoje, se comporta como um líquido em um recipiente. Ou seja, não se mantém por muito tempo em um mesmo estado. Está sempre mudando. Enquanto gerações passadas se acostumaram a uma estabilidade de todas as coisas, o homem contemporâneo enxerga as rápidas mudanças nos partidos e movimentos políticos, nas causas, nas instituições que acabam, na moda, tudo muda várias vezes. Tenho 88 anos e já vi vários arranjos sociais”.
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“Na modernidade líquida prevalece o deus do tipo ‘faça você mesmo’. Não um deus recebido, mas inventado individualmente”. Para além do âmbito religioso, o sociólogo afirma, ainda, que nos tornamos os nossos próprios poderes legislativos, executivos e judiciários.
Como contraponto a essa individualização, nos é oferecida a visão da internet como “presságio da visibilidade dos invisíveis, da audibilidade para os mudos, da ação para os incapazes de agir”. Na visão de Bauman, internet é sinônimo de liberdade, e precisaria ser inventada caso ainda não existisse.
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Ele aproveita para ressaltar fenômenos inerentes à vida dois-ponto-zero: “as redes de relacionamento prometiam romper os limites da sociabilidade, mas não o fizeram e não o farão”, diz, após relembrar que por definição biológica nossas relações significativas estão limitadas a 150. Se além desse número as suas contas em mídias sociais somarem outros milhares de contatos, saiba: “são meros voyeurs”.
Isso porque na visão do autor vivemos em uma sociedade confessional, onde fazemos de tudo para aumentar o próprio “valor de mercado” por meio do marketing pessoal na web. “As pessoas são ao mesmo tempo promotores de mercadoria e as mercadorias que promovem”.
E como se pretendesse pôr em prova a teoria, questiona: “será que o sucesso do Facebook não é consequência de ele fornecer uma feira em que a necessidade pode encontrar-se todo dia com a liberdade de escolha?”
Além de individualistas, somos, para Bauman, vítimas da perversidade do mercado financeiro, responsável por nos transformar de consumidores inativos em multidões de gastadores e/ou devedores.
Ao citar o caso específico da população norte-americana, o sociólogo radicado na Inglaterra não mede palavras: “os Estados Unidos são famosos por quebrar recordes em todos os campos, e o da estupidez financeira nao é exceção”. Como exemplo do infame estímulo ao consumismo, menciona a publicidade “sob medida” oferecida pela internet, adaptada de acordo com o perfil de cada usuário (prática comum entre as gigantes da web, como o Google).
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Se os jovens são enxergados como novos mercados prestes a serem explorados, ao mesmo tempo são surpreendidos com a falta de empregos e a desvalorização dos diplomas universitários. Assistem de longe às mudanças na “geografia do trabalho”: empregos migram para países em que “há poucas leis e regulamentos restringindo a liberdade dos capitalistas”.
Diante do cenário, Zygmunt Bauman mostra grande preocupação com a falta de preparo da juventude para enfrentar um mercado em transição, que talvez já esteja na era pós-industrial. Com cautela, ele lança mão das pesquisas: o 1% mais rico dos americanos não é mais formado por donos de indústrias, e sim por financistas, celebridades, designers. “Hoje, a fonte básica de riqueza e poder são conhecimento, inventividade, imaginação, capacidade de pensar e coragem para fazer de modo diferente”, sugere.
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